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Testes em animais: Necessidade ou crueldade?

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro testaram o efeito da proteína laminina ácida nas lesões medulares agudas. Os resultados mostraram que a proteína tem efeito anti-inflamatório e regenerativo e perm

A utilização de animais como cobaias tanto para experimentos científicos quanto para a produção de cosméticos é realmente um assunto polêmico e que suscita diversas divergências e opiniões no mundo científico. Entretanto, esse assunto está ganhando cada vez mais destaque na mídia pela crescente exposição dos inúmeros maus tratos que os animais sofrem nos laboratórios.

Mas a primeira pergunta que as pessoas se fazem ao refletir sobre esse assunto é: A utilização de animais em testes de produtos (principalmente cosméticos) é realmente necessária, mesmo com toda a tecnologia presente na atualidade?

Bom, é certo que já foram desenvolvidos alguns métodos eficientes, tais como a utilização de sistema biológicos in vitro, porém vários países ainda possuem nos animais a finalidade de testarem produtos de cosméticos e/ou fazerem experimentos científicos.

Entretanto, muitos desses testes se mostram ineficazes e podem ser extremamente cruéis, sendo alguns exemplos:

Teste de Irritação dos Olhos: É utilizado para medir a ação nociva dos ingredientes químicos encontrados em produtos de limpeza e em cosméticos. Os produtos são aplicados diretamente nos olhos dos animais conscientes e os coelhos são os animais mais utilizados pois são baratos e fáceis de manusear. Seus olhos grandes facilitam a observação dos resultados. Para prevenir a que arranquem seus próprios olhos (auto-mutilação), os animais são imobilizados em suportes, de onde somente as suas cabeças se projetam. É comum que seus olhos sejam mantidos abertos permanentemente através de clips de metal que seguram suas pálpebras. Durante o período do teste, os animais sofrem de dor extrema, uma vez que não são anestesiados. Embora 72 horas geralmente sejam suficientes para a obtenção de resultado, a prova pode durar até 18 dias. Muitas vezes, usam-se os dois olhos de um mesmo coelho para diminuir custos. As reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris, úlceras, hemorragias ou mesmo cegueira. No final do teste os animais são mortos para averiguar os efeitos internos das substâncias experimentadas. No entanto, os olhos de coelho são um modelo pobre para olhos humanos, pois tanto estrutura do tecido quanto a bioquímica das córneas do coelho e do humano são diferentes;
Teste Draize de Irritação Dermal: Consiste em imobilizar o animal enquanto substâncias são aplicadas em peles raspadas e feridas (fita adesiva é pressionada firmemente na pele do animal e arrancada violentamente; repete-se esse processo até que surjam camadas de carne viva). Observam-se sinais de enrijecimento cutâneo, úlceras, edema etc..

Teste LD 50: Abreviatura do termo inglês Lethal Dose 50%, o teste serve para medir a toxicidade de certos ingredientes. A prova consiste em forçar um animal a ingerir uma determinada quantidade de substância, através de sonda gástrica. Os efeitos observados incluem dores angustiantes, convulsões, diarréia, dispnéia, emagrecimento, postura anormal, epistaxe, supuração, sangramento nos olhos e boca, lesões pulmonares, renais e hepáticas, coma e morte. Continua-se a administrar o produto, até que 50% do grupo experimental morra. Entretanto, um prognóstico seguro da dose letal para os humanos é impossível de ser detectado através dos animais.

Testes de Toxidade Alcoólica e Tabaco: Animais são obrigados a inalar fumaça e se embriagar, para que depois serem dissecados, a fim de estudar os efeitos de suas substâncias no organismo. Mesmo sabendo que tais efeitos já são mais do que conhecidos.

Experimentos de Comportamento e Aprendizado: A finalidade é o estudo do comportamento de animais submetidos a todo tipo de privação (materna, social, alimentar, de água, de sono etc.), inflição de dor para observações do medo, choques elétricos para aprendizagem e indução a estados psicológicos estressantes. Muitos desses estudos são realizados através da abertura do cérebro em diversas regiões e da implantação de eletrodos no mesmo, visando ao estímulo de diferentes áreas para estudo fisiológico. Exemplo: Animais têm parte do cérebro retirada e são colocados em labirintos para que achem a saída.

Experimentos Armamentistas: Os animais são submetidos a testes de irradiação de armas químicas (apresentando sintomas como vômito, salivação intensa e letargia), testes balísticos (os animais servem de alvo); provas de explosão (os animais são expostos ao efeito bomba); testes de inalação de fumaça, provas de descompressão, testes sobre a força da gravidade, testes com gases tóxicos. São baleados na cabeça, para estudo da velocidade dos mísseis. Os testes são executados meramente para testar a eficiência de armas de guerra, e não para aperfeiçoar o tratamento de vítimas de guerra.

Teste de Colisão: Os animais são lançados contra paredes de concreto. Babuínos, fêmeas grávidas e outros animais são arrebentados e mortos nesta prática.

Pesquisas Dentárias: Os animais são forçados a manter uma dieta nociva com açúcares durante três semanas ou têm bactérias introduzidas em suas bocas para estimular a decomposição dos dentes. Depois disso, são submetidos aos testes odontológicos. Muitas vezes, os animais têm suas gengivas descoladas e a arcada dentária removida. Os animais mais usados são macacos, cães e camundongos.

Dissecação: Animais são dissecados vivos nas universidades e outros centros de estudo.

Experimentação Animal na Educação: São várias as finalidades dos experimentos, tais como: observação de fenômenos fisiológicos e comportamento a partir da administração de drogas; estudos comportamentais de animais em cativeiro; conhecimento da anatomia interna; desenvolvimento de habilidades e técnicas cirúrgicas etc. Os experimentos são comuns em cursos de Medicina Humana e veterinária, Odontologia, Psicologia, Educação Física, Biologia, Química, Enfermagem, Farmácia e Bioquímica. Abaixo estão descrições breves dos experimentos mais encontrados nas universidades:

  • Miografia: Um músculo esquelético, geralmente da perna, é retirado da rã ainda viva para estudar a resposta fisiológica a estímulos elétricos.
  • Sistema Nervoso: Uma rã é decapitada e um instrumento pontiagudo é introduzido repetidamente na sua espinha dorsal, observando-se o movimento dos músculos esqueléticos do restante do corpo.
  • Sistema Cardiorrespiratório: Um cão é anestesiado, tem seu tórax aberto e observa-se os movimentos pulmonares e cardíacos. Em seguida aplicam-se drogas, como adrenalina e acetilcolina, para análise da resposta dos movimentos cardíacos. Outras intervenções podem ser realizadas. Por fim, o animal é morto.
  • Anatomia Interna: Diversos animais podem ser utilizados para tal finalidade. Geralmente são mortos ou são sacrificados como parte do exercício, com éter ou anestesia intravenosa.
  • Estudos Psicológicos: Ratos, porcos-da-índia ou pequenos macacos podem ser utilizados como instrumento de estudo. São vários os experimentos realizados. Privação de alimentos ou água; experimentos com cuidado materno (a prole é separada dos genitores); indução de estresse (utilizando-se choques elétricos, por exemplo); comportamento social em indivíduos artificialmente debilitados etc.
  • Habilidades Cirúrgicas: Muitos animais, geralmente vivos,  podem ser utilizados para estas práticas.
  • Farmacologia: Geralmente pequenos mamíferos, como ratos e camundongos. Drogas são injetadas intravenosas, intramuscular ou diretamente no estômago (via trato digestivo por catéter ou injeção). Os efeitos são visualizados e registrados.

Esses são somente alguns exemplos, entretanto fica clara a quase ineficácia e a extrema crueldade utilizada nos testes em que animais são mortos, mutilados e presos durante a vida toda em condições precárias e cruéis.

Então, existiria alguma alternativa aos testes em animais?

Bom, em 2013, três cientistas levaram em conjunto o prêmio Nobel de Química por criar sistemas que conseguem simular processos químicos elaborados. O trabalho de Martin Karplus, Michael Levitt e Arieh Warshel permite, entre outras coisas, simular com precisão as reações químicas de drogas em seres vivos. Combinando física clássica e física quântica, o trio conseguiu desenvolver um sistema que mapeia milésimos de segundo de cada reação química. Dentre outras aplicações, é possível, com esses sistemas, que engenheiros farmacêuticos tirem muito mais dados do que outros tipos de pesquisa oferecem.

Além disso, células tronco embrionárias e soluções criadas em laboratório são realidades que garantem resultados próximos dos esperados em pessoas, já que o tecido é humano e não animal. Existem também modelos de tecido humano criado por empresas. Esses materiais são tão parecidos com a pele humana que o próprio governo norte-americano o utiliza em testes. Além, claro, da possibilidade de usar cadáveres doados ou restos de tecido humano, que podem vir de cirurgias. E, mais simples ainda, o microdosing é um teste direto em voluntários, mas com baixíssima dosagem. Dessa forma, as pesquisas podem ser avaliadas diretamente no corpo humano e sem maiores consequências.

No Laboratório de Biologia da Pele da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), as cientistas Silvya Stuchi e Silvia Berlanga se dedicam há pelo menos uma década ao desenvolvimento de modelos in vitro de pele artificial para estudar a segurança de fármacos e cosméticos. As variações permitem o estudo da fisiopatologia do melanoma cutâneo, da pele com colágeno alterado, da pele de pacientes diabéticos, da epiderme imunocompetente e de fotoprotetores.

Abaixo segue uma lista de fotos de animais utilizados em testes, atenção, imagens fortes:

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Referências: http://www.pea.org.br/
https://tecnoblog.net
http://www.correiobraziliense.com.br/

Fotos/Imagens retiradas da internet

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